Fé é força na mente

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sexta-feira, 19 de junho de 2015

O Cristão e a Violência


        Nos dias atuais, tornou-se comum ver muitos cristãos que por causa do medo passaram a defender leis rigorosas e até a pena de morte. São cristão que sentem medo dos pobres e os identificam como se fossem inimigos perigosos. Grande parte dessa representação é reforçada pela mídia, que faz alarde da violência e busca como resposta a punição. Sua moral não consegue ultrapassar o limite da pena. Esta é sua única referência de justiça. Assim, qualquer ato de violência tido como crime, tem como o seu autor o réu, o criminoso. Para mídia, só isso importa. Logo fazer a justiça é prender o criminoso. Não importa a sua história, a sua origem, a sua formação, o grau de instrução, a sua classe, a sua situação econômica. Afinal, nada justifica a violência!
      Nesse tempo de exclusões, a violência se generaliza e atinge a todos. O cristão, na ânsia de proteger a si mesmo e a sua família, incorpora a postura da mídia, defendendo a sua posição, exigindo mais repressão ao crime, repressão que vai recair sobre os mais pobres. Mas isso não importa, pois o que vale é ter a proteção de Deus e cuidar dos seus. Assim tem agido alguns cristãos, que reproduzem a  indiferença com os pobres e se acreditam bons e justos porque dão a "Cesar o que é de Cesar". Com amor próprio, eles se consideram  dignos porque estudaram, trabalharam e possuem dinheiro para reproduzir um estilo de vida de "cristão abençoado", mas cheio de justificativas que alimentam o egoísmo de não estenderem as mãos a ninguém. Num sentimento de orgulho próprio acreditam que foram abençoados porque mudaram a si  mesmos, deixando de beber, de desperdiçar dinheiro, de levar uma vida cheia de pecados. Foi a fé e o cuidado de si que os salvou. O problema é que eles nada têm a dizer sobre os atos de amor em direção ao próximo, pelo contrário, muitas vezes não conseguem perdoar, ajudam pouco ou nada e ainda alegam falta de tempo. 
        Lamentável, mas parece que o crente foi anestesiado e se esqueceu dos dois mandamentos de Jesus, que poderiam ser exclusivos, pois são sintéticos: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo.
        Aliás, chega a surpreender como atualmente tantas pessoas sabem de cor os versículos bíblicos! É impressionante como a palavra de Deus está propagada neste país, ainda que tão deturpada!
    O que está acontecendo? Estamos perdendo a capacidade de amar? Não acreditamos mais no Evangelho? Desconfiamos do poder de Deus? Vamos preferir a proteção dos presídios e o ódio ao próximo? Vamos optar pela vingança no lugar da justiça?
         Não podemos esquecer que quem vive na Graça de Deus não sente medo, pois quem teme não é aperfeiçoado no amor de Deus. Afinal, Deus não nos "concedeu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio." (2Timóteo 1:7)
        Nossa  missão é pregar libertação, anunciar o evangelho, trazer a  paz que excede o entendimento, porque o SENHOR nos ungiu, "para pregar boas novas aos mansos; a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos." (Isaías 61:1)     
         O cristão não tem que se recolher de medo, mas  precisa despertar para as desigualdades sociais reproduzidas nesta nação.  As injustiças se multiplicam e com ela a violência. Precisamos trabalhar pela justiça social para fortalecer a democracia e não cairmos nas armadilhas de reclamar por mais a repressão. Logo, não basta tratar a questão como um problema da instabilidade dos relacionamentos sociais ou do enfraquecimento da moral, tendo que considerar principalmente a questão política da relação entre a produção social e a má distribuição da riqueza. Portanto se há uma crise desta natureza, não será o Código Penal que vai resolver isso, mas apenas atender o desejo de vingança da mídia e das classes médias. 
                  Então, que o cristão não seja confundido na superficialidade da análise do fenômeno da violência, procurando seguir o imediatismo, preferindo os atalhos da vida, se inclinando as medidas rápidas para se livrar do desespero da perda e da morte. Que o cristão não perca a sua fé, tentando se convencer com filosofias vãs, sem respaldo do Evangelho, mas que lhes são dadas como evidências. Que o cristão não seja frívolo, pois a palavra de Deus é profunda e larga, penetra juntas e medulas e serve  para discernir o bem do mal.  Enfim, que o cristão consiga reclamar menos e trabalhar mais, que saiba resistir ao mal e tenha força para manifestar em sua vida os frutos do Espírito Santo.




A Infinita Tolerância do Cristão

          No Brasil,frequentemente temos nos deparado com notícias na mídia destacando a falta de tolerância religiosa, atribuindo aos evangélicos a responsabilidade por atos de violência contra as outras religiões, especialmente as religiões afro.
          Ora, essa história de intolerância religiosa não é para o cristão, pois ele é benigno, paciente, manso, bom, longânimo, tem domínio próprio, amor, alegria e paz.
    A única coisa radical no cristão é o bem, e o bem significa o rechaço a qualquer forma de violência e discriminação.
            Toda e qualquer mensagem que incite a violência não é cristã e nem  evangélica. É deturpação e confusão. A guerra do cristão é contra principados e potestades nas regiões celestes. Nossa arma é a oração e o louvor.
      Os atos de violência atribuídos aos evangélicos são uma ofensa ao cristianismo. Não devem apenas ser reprimidos, mas analisados na compreensão de um movimento descontrolado, que tem arrastado as culturas, as famílias e as religiões na direção da mais profunda degradação humana.
         Não querendo banalizar a questão, entendo que na atual conjuntura a violência está disseminada, sendo a intolerância religiosa não um fato isolado, desconectado das outras formas de violência. Digo isso não na intenção de naturalizá-la e muito menos de atribuir toda a culpa ao diabo. Minha intenção é advertir sobre a necessidade de refletir as causas profundas da violência numa sociedade individualista, consumista e excludente.